Modelos biomecânicos jogam luz sobre complexidade de fatores envolvidos na dissolução de um medicamento.
Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
O simples fato de o paciente estar em pé ou deitado pode fazer diferença na forma como o organismo absorve os medicamentos ingeridos via oral, revela uma nova pesquisa da Universidade Johns Hopkins, liderada por cientistas americanos.
Em um estudo inédito, os autores usaram modelos biomecânicos computacionais e simularam a posição do paciente após engolir um remédio. Assim, eles avaliaram a velocidade do esvaziamento do estômago e a disponibilidade da droga no organismo.
Após fazer a comparação para várias posições, os cientistas observaram:
- Quando o paciente está de pé, o conteúdo se esvazia rapidamente;
- Quando está deitado do lado direito, há um aumento significativo na concentração do remédio;
- Quando está deitado do lado esquerdo, a absorção ocorre de forma mais lenta.
Sabe-se que a trajetória de um comprimido dentro do organismo é muito complexa e depende de fatores tão diversos quanto o conteúdo do estômago, a movimentação gástrica, as contrações do órgão, a mecânica dos fluidos e a gravidade, além da composição da cápsula. Há pessoas que sofrem das chamadas gastroparesias — problemas na musculatura ou nos nervos do estômago que afetam o esvaziamento.
Dependendo do perfil do medicamento e do objetivo, pode ser importante atingir um pico de concentração máxima em determinado momento. Ou, ao contrário, pode ser preciso manter uma curva mais estável durante todo o tempo de ação da droga.
“É um estudo interessante que talvez ajude no futuro a explicar porque alguns remédios dão certo resultado em determinados pacientes, em especial aqueles com gastroparesia”, pondera o gastrenterologista Rafael Ximenes, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia.
“Mas ele não levou em conta, por exemplo, a composição do suco gástrico, que não é homogêneo, e casos de pacientes com refluxo”, alerta o especialista.
Segundo os autores, os dados podem servir para nortear pesquisas clínicas e avaliar, por exemplo, a ação de remédios que são absorvidos na parte superior do trato gastrointestinal e que precisam ser retidos no estômago por mais tempo. O artigo também poderá ser considerado nos casos de medicação para pacientes idosos ou acamados.
Fonte: Agência Einstein
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